Instituto Ricardo Brennand completa seis anos e alcança um milhão de visitantes

IRB/Foto Antonio Souza Leão

RECIFE/PE - O Instituto Ricardo Brennand, no Recife, completa no dia 12 de setembro, seis anos de funcionamento com um elogiado fluxo de visitantes: um milhão e dez mil alcançados em junho passado. O IRB tem recebido, por mês, cerca de 12 mil pessoas. É, portanto, um dos museus mais visitados do país. Com um diferencial: mantém desde que abriu, ações educativas, num intercâmbio entre as escolas públicas e privadas de Pernambuco e de outros estados.“Meu maior orgulho é ver o número de crianças que buscam o espaço para conhecer nosso acervo e, conseqüentemente para conhecer um pouco da história do nosso país”, diz ente risos o fundador do espaço, Ricardo Brennand. Para comemorar a data, será realizado neste domingo (14), a partir das 18h, um concerto gratuito no IRB, com a Orquestra Sinfônica do Recife.


Orquestra Sinfônica do Recife/foto divulgação


Diariamente chegam ao espaço cultural da Várzea, gente de toda parte para conhecer seu rico, raro e variado acervo, com destaque para a mais completa coleção de Frans Post do mundo ali exposta permanentemente. São 20 telas que retratam paisagens brasileiras pintadas pelo artista holandês, integrante da comitiva de Maurício de Nassau, quando de sua passagem por Pernambuco. Em todo o mundo somente existem 160 telas do artista. A Coleção do IRB é a única a reunir telas de todas as fases do pintor e o Instituto conserva hoje em nosso Estado 10% de toda produção conhecida de Post. “Há dois meses atrás comprei as duas telas que tentava há anos adquirir. A coleção conta com 20 telas do artista que melhor pintou nossas paisagens”, lembra Ricardo Brennand.

A coleção conta, inclusive com a tela Fort Frederick Hendrick, de 1640. Entre os sete quadros fundamentais pintados por Frans Post no Brasil, este é o único conservado no nosso país e pertence ao IRB, em Pernambuco. “Ao ser adquirido pelo IRB em 2000, tornou-se a obra de arte mais importante relativa ao Brasil ainda conservada no exterior que o país recuperou nos últimos cinqüenta anos”, lembra Pedro Correa do Lago, um dos maiores especialistas em Frans Post e que estuda a obra do artista há anos. Essa tela é sempre requisitada ao IRB para mostras fora do Brasil. Recentemente foi emprestada para o Museu de Louvre, quando de exposição sobre nosso país.

E chegam, diariamente, ao IRB visitantes em grupos programados, em caravanas, em visitas espontâneas. Aportam no complexo cultural atraídos pelo maior acervo do Brasil Holandês existente no mundo, bem como atraídos pelas exposições movimentadas pelo espaço. São livros raros, objetos, mobília, fotografias, pinturas, gravuras e documentos históricos que nos fazem conhecer melhor nossa história.

Os visitantes chegam ao IRB também curiosos pela maior coleção de armas brancas, apresentada pelo Museu de Armas – Castelo São João, parte integrante do Instituto. Ali estão mais de 3 mil peças – armaduras, espadas, adagas, armaria, tapeçaria, quadros, objetos, entre outros, que revelam a arte das guerras através dos tempos. É a maior coleção deste segmento nas mãos de um colecionador particular, em todo o mundo.

Em paralelo, o IRB ainda conta com uma Biblioteca, ainda não aberta oficialmente ao público, mas que vem recebendo estudiosos interessados no seu acervo com foco principal no Brasil. A Biblioteca do Instituto Ricardo Brennand é um tesouro a ser descoberto pelos visitantes do complexo cultural. Ainda em fase de catalogação de seu acervo e fechada ao grande público, o espaço já abriga mais de 51 mil títulos entre partituras, livros raros de arte, história, arquitetura e literatura. Mediante agendamento, recebe a visita de estudantes de mestrado e doutorado e de pesquisadores, em sua maioria, americanos e holandeses.

A biblioteca possui um acervo primoroso, entre os destaques, a coleção pessoal de partituras do padre Jaime Cavalcanti Diniz, pernambucano de Água Preta, fundador, professor e coordenador do curso de música da Escola de Belas Artes da UFPE. Com mais de 350 compositores identificados, o material traz pérolas de Nelson Ferreira e Capiba e partituras com marchas, valsa, fox-trot e frevo canção. “La Geografia”, de Cláudio Ptolomeu, datado de 1564, é o exemplar mais antigo da biblioteca. Escrito em italiano, é ilustrado por mapas que retratam até animais.

Livros de Gilberto Freire, Rui Barbosa e coleções riocas de particulares como o historiador e pesquisador José Antônio Gonsalves de Mello e do professor Edson Nery da Fonseca foram adquiridos e enriquecem o espaço.

Bom, na verdade o IRB tem sua importância para o Estado. Colocou Pernambuco, definitivamente, na rota de grandes exposições, por oferecer uma espaço adequado e equipado para tal, com a mostra sobre Eckhout que abriu sua pinacoteca há seis anos atrás, com as grandes telas pintadas pelo artista holandês, quando aqui esteve com Mauricio de Nassau, e que hoje vivem em museu da Dinamarca. Uma coleção rara e valiosa que graças a Ricardo Brennand pode ser admirada pelos pernambucanos, já que aqui foram criadas retratando a flora e fauna do nosso povo.

Exposição de Janete Costa no IRB

divulgação
E na pauta das ações comemorativas, mostras e atividades artísticas, a arquiteta Janete Costa, é um nome de sucesso no seu segmento, é também uma curiosa pesquisadora de arte popular de credibilidade reconhecida. Mas foi colecionando peças em vidros, seja frascos de farmácias, em variados tamanhos e formatos, de origens também diversas, bem como peças decorativas em vidros coloridos que ela formou, ao longo de sua vida, uma curiosa e rara coleção.

Foto/Verônica Gomes
E o conjunto de 107 peças, destas 44 vidros de farmácias e 63 decorativos formam a mais nova mostra que o Instituto Ricardo Brennand abre ao público, nesta sexta–feira , dia 20. O valioso acervo foi entregue pela arquiteta que integra o Conselho do IRB, ao fundador do espaço Ricardo Brennand há pouco tempo e ali permanecerá,a partir de agora, permanentemente, em espaço reservado na pinacoteca. A exposição oferece aos profissionais do segmento – decoradores, arquitetos,designers, entre outros – uma mostra da arte do designer através dos tempos. Janete Costa é a própria curadora da exposição. A montagem é assinada por Mário Santos e Roberta Borsoi. O coquetel de abertura da exposição de Janete Costa, para convidados, acontece no dia 19, às 18h. A palestra de Márcio Roiter sobre o acervo de art déco colecionado desde a década de 70, pela arquiteta Janete Costa, inicia às 18h30, no auditório do IRB.

De acordo com Roiter a coleção de Janete é bastante eclética e privilegia o vidro e seu caráter efêmero e belo. O carioca e filho de pais pernambucanos,Márcio Roiter, é marchant e pesquisador. Em sua palestra no coquetel que abre a mostra de Janete Costa no IRB, também vai abordar a art déco no mundo e no Brasil e o grande consumo de peças importadas nas décadas de 20 a 50.

Escolas ganharam espaço no IRB desde sua abertura

O Instituto Ricardo Brennand já ultrapassou a marca de um milhão de visitantes, em seus seis anos de funcionamento. Inúmeras escolas da rede municipal, estadual e particular, daqui e de outros estados, já visitaram o rico acervo do complexo cultural, na Várzea, mediante agendamento prévio.

As escolas agendadas são atendidas pela equipe de arte-educadores do IRB. O número de grupos agendados que visitou o Instituto Ricardo Brennand, neste seis anos de funcionamento gira em torno de 333.407 visitantes e de grupos sem agendamento gira em torno de 27.500 pessoas. A maior parte das pessoas que visitam o complexo cultural é formada de grupos espontâneos, visitantes, turistas e público em geral.


Instituto Ricardo Brennand

O Instituto Ricardo Brennand tem como objetivo principal a preservação e a difusão da história, arte e cultura brasileiras, sobretudo do período denominado de Brasil Holandês. No século XVII, os holandeses se fixaram no Nordeste brasileiro por vinte e quatro anos. A partir deste episódio, o Instituto focaliza suas ações nas relações culturais, econômicas e políticas entre Brasil e Europa, em especial a Holanda. As três principais atividades do Instituto Ricardo Brennand são museu e biblioteca, educação e intercâmbio cultural.

FUNDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO

O Instituto Ricardo Brennand é presidido por seu fundador, Ricardo Brennand. No processo de administração, o presidente conta com um Conselho Deliberativo. O Instituto Ricardo Brennand é uma sociedade sem fins lucrativos, organizada sob as leis brasileiras, na cidade do Recife, Estado de Pernambuco. Seu fundador, o industrial Ricardo Brennand, com o apoio de sua mulher Graça Brennand e de seus filhos, doou sua coleção, os edifícios e os fundos para a manutenção da instituição.

A família Brennand chegou ao Brasil por volta de 1820, estabelecendo-se na cidade do Recife. Seus principais líderes foram Ricardo Monteiro Brennand, Ricardo Lacerda de Almeida, Antônio Luiz de Almeida Brennand e Eduardo Lacerda de Almeida Brennand, que desenvolveram negócios com sucesso nas áreas de usinas, indústrias de cerâmica, de vidro, de porcelana, de aço, de cimento e de açúcar. O sucesso empresarial transformou o Grupo num dos mais importantes do Nordeste e do Brasil.

O trabalho de Antônio Luiz de Almeida Brennand e Ricardo Lacerda Brennand foi continuado por seus respectivos filhos, o industrial Ricardo Brennand, e o primo Cornélio Brennand, hoje à frente da administração geral do Grupo. Em 1999, ao vender as indústrias de cimento Companhia de Cimento Goiás, Companhia de Cimento Atol e Companhia Paraíba de Cimento Portland-Cimepar, Ricardo Brennand, com o apoio de sua mulher, Graça Brennand e de seus sete filhos, resolveu constituir o Instituto que hoje leva seu nome.

Instituto Ricardo Brennand exibe
mostra permanente de Frans Post

O maior acervo particular do mundo de pinturas de Frans Post, artista holandês que esteve no Brasil no século XVII, está em exposição permanente no Instituto Ricardo Brennand (Engenho São João, Gleba B, Várzea – Recife). A mostra Frans Post e o Brasil Holandês na Coleção do IRB apresenta um valioso conjunto de 20 telas doadas ao IRB pelo empresário Ricardo Brennand.
As visitas são acompanhadas por monitores preparados para expor aos grupos agendados informações gerais sobre a vida e obra do artista, assim como o restante do acervo que envolve mapas, gravuras e peças holandesas do século XVII.

Interessados Podem agendar visitas monitoradas : escolas públicas e particulares, grupos organizados de empresas, entidades e ONG’s, além de grupos turísticos. O agendamento de escolas e grupos especiais pode ser realizado através do telefone (81)2121-0352, de terças as sextas, das 8h ao meio dia.

Quem foi Frans Post

Frans Post foi pioneiro no registro da paisagem em terras da América, documentando em cores o panorama brasileiro. De sua produção intensa, são conhecidos hoje pouco mais de 160 trabalhos. Frans Janszoon Post nasceu na cidade de Haarlem, Holanda, em 1612, sendo filho do pintor de vitrais Jan Janszoon Post e de Francyntie Peters, ambos naturais de Leiden, cujo casamento aconteceu em 1604.

Frans era o terceiro filho do casal, que tinha por primogênito Pieter Post, nascido em Haarlem em 1608, seguindo de Anthoni, nascido em 1610, e Johana, a caçula, nascida em 1614, pouco antes do falecimento do chefe da família, Jan Janszoon Post. Órfão de pai aos dois anos, tendo sua mãe se casado com Harman van Warden em 1620, de quem logo depois se separa, o menino Frans Post tem no irmão Pieter o seu primeiro mestre.

Pouco se sabe de sua formação acadêmica, tão-somente que se criou na cidade de Haarlem, uma das mais prósperas da província, Flanders, célebre por suas corporações de artistas. Pieter Post (1608-16669), o mais velho dos irmãos, vem a ser discípulo do grande Van Campen, um dos mais renomados arquitetos do seu tempo, responsável pela construção da Mauritshuis (Casa de Maurício), na Haia, e freqüentador da corte do Príncipe Frederico Henrique. Através dele, Frans é apresentado ao Conde de Nassau, recém-nomeado Governador do Brasil Holandês, que o convida para acompanhá-lo em sua nova missão.

No Brasil, o jovem pintor tornou-se a memória visual do governador, transformando-se numa espécie de cronista da paisagem. Para isso, acompanhou o Conde de Nassau em todas as suas viagens e campanhas militares, chegando até a registrar incursões de esquadras enviadas do Recife para a tomada das cidades de São Jorge da Mina, Forte Nassau, São Paulo de Luanda e Ilha de São Tomé, na África. O arquiteto Pieter Post esteve também no Recife durante o Governo do Conde de Nassau.

A informação é confirmada por José Antônio Gonçalves de Mello que, quando de suas pesquisas em arquivos dos Países Baixos (1957-1958), encontrou no Arquivo Geral do Reino (Algemeen Rijksarchief), na Haia, no Cartório da Companhia das Índias Ocidentais (Companhia Velha), março nº 54, uma lista de compradores em um leilão de escravos realizado no Recife, datada de 5 de maio de 1639, na qual o Senhor Pieter Janssen Post adquire dois escravos para seu serviço (Heer Pieter Janssen Post tot sijn dienst).

Ao contrário de Pieter Post, seu irmão Frans é constante na documentação da época, chegando a privar da lista de comensais do Conde de Nassau, no Palácio de Friburgo, em 1º de abril de 1643. Segundo revela José Antônio Gonçalves de Mello: ao todo 46 pessoas, das quais 19 com empregados. Entre elas: Frans Plante, o doutor Piso, três fidalgos não identificados, Albert Eckhout e Frans Post, pintores, ambos com criados, o cartógrafo Georg Marcgrave, também com criado, entre outros.

As Raridades do Brasil Holandês
no Instituto Ricardo Brennnad

O Instituto Ricardo Brennand exibe, paralelo a mostra de Frans Post, na sua pinacoteca, em Recife, um belo acervo de obras raras, com destaque para a bibliografia do período holandês no Brasil. Alguns livros expostos integram um conjunto valioso de obras publicadas sobre nosso país, no exterior, como o livro de Barléu, contando os grandes feitos de Nassau. Uma espécie de Diário oficial do Brasil Holandês, fundamental para a compreensão da formação de nossa terra.

Algumas dessas obras foram adquiridas de várias fontes. Entre elas, o acervo do pernambucano José Antônio Gonsalves de Mello, o mais completo historiador do período holandês de todos os tempos. Na exposição Frans Post e o Brasil Holandês na Coleção do Instituto Ricardo Brennand que tem como foco principal as 20 telas do paisagista de Nassau, também ganham destaque objetos, documentos e manuscritos importantes para o entendimento de nossa história. E 12 livros são vistos como relevantes. Impressos na Holanda e Portugal, Inglaterra e Espanha, essas publicações foram selecionados para integrar a mostra de Post e representam a vasta produção de uma época.

Ganham, portanto, espaço privilegiado na exposição de Frans Post, na pinacoteca do IRB, obras de Piso e Margraf (1648) e Barléus (1647). Estudiosos , historiadores e curiosos podem apreciar, por exemplo, na exposição, a edição do livro restauracion de la ciudad del Salvador, Baía de Todos-Sanctos en la província del Brasil. Por las Armas de Don Phelippe IV, El Grande –Madrid, 1628. Obra essencial a respeito da restauração da cidade de Salvador, retomada pelos espanhóis em 1625, por Vargas, Thomas de Tamayo Vargas.

Exemplar excepcional, talvez o único conhecido, com dedicatória do autor. Ainda: obra de Joannes de Laet – Beschyvinghe van West-Indien – Leyden, bij de Elzvier (1630) sobre as primeiras conquistas holandesas no Brasil, ilustrado com mapas de Olinda e Pernambuco. A mostra conta, também com um folheto raro sobre as negociações entre portugueses e holandeses, datado de 1641 e com uma publicação rara sobre os primeiros anos da presença holandesa no Brasil até 1629 – Portugallia, Leyden 1641, de Jean de Laet.

Os visitantes vão conhecer na mostra de Post, o único exemplar do Pernambucencis, Leyden – 1642, de Francisco Plante. Obra importante sobre as negociações portuguesas e holandesas, de autoria do capelão de João Maurício de Nassau. A maior raridade entre os livros do Brasil holandês e o Apologie pour la maison de Nassau – Madrid 1664., outra rara obra que menciona o Brasil Holandês entre os grandes acontecimentos da história da casa de Nassau. É ainda destaque entre este rico acervo, o Brasilianh und Westindianische REISE –1677. Um dos mais raros e importantes livros para a História do Brasil Holandês, escrito por um soldado da companhia das índias ocidentais que esteve no Brasil. Só se conhecem sete exemplares dessa obra.

Barléu

A mostra de Frans Post ainda possibilita aos visitantes, o admirável livro de Gaspar Barléu , "Rerum per octennnium in Brasília...." chamado apenas de Barléu. " É na verdade a obra mais importante do Bnrasil Holandês", assegura Bia Corrêa do Lago, a curadora da exposição Frans Post. O livro luxuoso foi publicado por Maurício de Nassau para celebrar seus feitos nos anos em que esteve no à frente do governo holandês em nosso país.

O Barléu é ricamente ilustrado a partir das gravuras de Frans Post. O livro registra batalhas e as principais localidades do Brasil holandês e exibe numerosos mapas e plantas de grande importância histórica. É considerada a obra mais luxuosa publicada na Holanda no século XVII e na exposição ele ganha cópia virtual, podendo ser manuseada pelos visitantes e mais a exibição de exemplares similares e igualmente raros , como o exemplar colorido da primeira edição, de 1647. Esses exemplar é aquarelado a mão e, portanto, mais raros que os feitos em preto-e-branco.

Alguns livros desses foram presenteados por Nassau a príncipes europeus. O livro contém 56 mapas e gravuras. A maioria desses de autoria de Post. A exposição também conta com o chamado "pequeno Barléu", resumo, um resumo da obra de 1640 e ditado em 1660. Incorpora novos textos de Piso , grande estudiosos da época e uma gravura de eclipse observada em Pernambuco. Algumas dessas edições foram publicadas em latim. Mas uma edição, publicada em alemão também pode ser vista no IRB. É talvez esse livro o mais raro das três edições presentes na exposição de Frans Post, na pinacoteca do Instituto da Várzea. Ela contém um relato da vida de Nassau, após o Brasil.

Essa parte da exposição de Frans Post, no IRB, que mais pode gerar interesse para os estudantes agendados para a mostra. Até junho, o Instituto já tem visitas programadas para a pinacoteca, mantendo assim a ação educativa desejada e que levou à casa, quando da exposição das telas de Eckhout, mais de 160 mil visitantes, 60 mil destes, estudantes.


Museu Castelo acolhe uma das maiores
coleções de armas brancas do mundo

Quem quiser conhecer um autêntico castelo, com calabouço, porta-secreta e diversas obras de arte de várias escolas - com destaque para armaduras medievais e mais de três mil armas brancas -, não deve perder a oportunidade. O Instituto Ricardo Brennand (IRB) mantém as portas do seu Museu das Armas, no Castelo São João, aberto para visitas 13h às 17h, de terça a domingo.

O Museu–Castelo é uma edificação em estilo Tudor, construída paralelamente à pinacoteca, que atualmente apresenta a mostra "Frans Post e o Brasil Holandês". É no Castelo São João que fica guardada a valiosa coleção de armas brancas adquirida ao longo de 50 anos pelo empresário e fundador do IRB, Ricardo Brennand. São mais de três mil peças, de diversas procedências, que representam históricos testemunhais das artes da guerra e caça, em seis séculos.

A coleção abrange facas, espadas, miniaturas de armaduras e nada menos que 42 armaduras medievais completas, com destaque para um raríssimo conjunto cavalo-cavaleiro-com-armadura em estilo Maximiliano, do século XV, além de espadas-pistola e facas-pistola (lâminas com armas de fogo acopladas). Os conjuntos de combate completos incluem escudos, machados, clavas, lanças e as mortíferas morningstars, as esferas com pontas. Além das armas, o Museu Castelo ainda acolhe coleção valiosa de telas de nomes como Eliseu Visconti, Antonio Facchinetti, Carlos Julião, Jean Baptista Debret, Conde de Clarac, Emil Bauch, Eugène Lassaily, entre outros. O Instituto é integrado pelo Museu Castelo; Pinacoteca e uma biblioteca, em construção. Seus jardins acolhem ainda, uma infinidade de obras de artes.

IRB expõe mostra sobre o julgamento de Fouquet

O Instituto Ricardo Brennand expõe ao público as 48 esculturas inéditas de cera na carnação e corpo em fibra de vidro, do julgamento do superintendente de Finanças do reinado do Rei Sol Luís XIV, Nicolau Fouquet. Os personagens de cera em tamanho natural, adquiridos pelo colecionador Ricardo Brennand num leilão em Paris, há aproximadamente um ano, são compostos por 40 esculturas masculinas e sete femininas em tamanho real e vestes condizentes com a época (1661). É como se a arrumação da sala e disposição dos personagens reproduzissem uma fotografia do momento em que ocorreu o julgamento.

Entre os presentes, além do próprio réu, o rei Luís XIV, a mulher e a mãe de Fouquet, 14 jurados, um juiz, Frans Post, D’Artagnan (um dos três mosqueteiros), o autor e comediante Moliere, frades, representantes da sociedade civil, entre outros, compõem o cenário a ser apreciado pelo público.

Nicolau Fouquet, amigo das artes, das plantas e das letras, andava cercado por artistas escritores como o poeta e fabulista la Fontaine, a escritora madame de Sèvigné, e os pintores Poussin e Puget. Foi por intermédio do Cardeal Mazarin, ministro todo poderoso do reino, que se tornou em 1653 o Superintendente das Finanças do Rei Luís XIV. No cargo, Nicolas Fouquet restabeleceu a credibilidade das finanças do reino e, gozando de privilégios econômicos, multiplicou sua fortuna tornando-se um dos homens mais ricos da França. Não demorou para que uma legião de inimigos surgissem, todos cobiçando o seu cargo. Entre os rivais de Fouquet estaria o responsável direto pela sua condenação: Jean Baptiste Colbert, que disse ao rei Sol, que havia um traidor na corte.

Aconselhado por Coubert e a fim de verificar a extensão do patrimônio de Nicolau Fouquet, o rei Luís XIV manifestou o desejo de conhecer a bela propriedade que o seu ministro erguera por 15 anos (1641 a 1656), em 40 hectares, no Vaux-le-Visconte, a 55 quilometros a sudeste de Paris. Inocente da fragilidade de sua posição, Fouquet proporcionou ,em 17 de agosto de 1661, ao rei e sua corte a maior festa ao ar livre da história da França.

Os 600 convidados vindos de Paris foram acomodados nas 700 dependências e apartamentos do Palácio e todos presenteados com um ambigu ( travessas de manjares exóticos, bandejas de carne de caça, jarras de vinho, espumantes, sucos, licores, pães quentes e cestas de frutas e um sem fim de potes de doces em calda) especialmente preparado por Vatel, um famoso maitre d’hotel da época. Como se não bastasse, ainda foram sorteados entre os convidados armas para os cavalheiros e diamantes para as damas.

Era insuportável para Luís XIV, homem vaidoso e arrogante ver tanta fartura ser exibida por alguém que hierarquicamente lhe era inferior. Portanto, três semanas depois, no dia 05 de setembro de 1661, Luiz XIV ordenou a D”Artagnan, capitão dos mosqueteiros do Rei, que prendesse Fouquet e o levasse a uma corte especial, onde foi condenado a prisão perpétua.

O motivo da punição foi não ter obedecido à razão máxima do Estado que diz que “jamais um súdito, por mais prestativo que seja, deve ofuscar o brilho de seu Rei”. Nicolau Fouquet foi aprisionado no Castelo de Pignerol nos Alpes da Sabóia de onde ele jamais saiu, falecendo em 23 de março de 1680. Diz a lenda que ele pode ter sido o homem da máscara de ferro.



Acervo barroco e bíblico provoca
curiosidade aos visitantes do IRB



Quem pensa que o Instituto Ricardo Brennand-IRB expõe apenas o importante e histórico acervo do período holandês do Brasil – pintura, documentos, mapas, objetos- engana-se. Além da curiosa coleção de armas brancas, no Museu das Armas , o IRB acolhe ainda peças sacras, expostas no foyer de sua pinacoteca.

Ao visitar o IRB, portanto, os interessados deparam-se, logo na entrada da pinacoteca, com peças representativas do barroco, como o Anjo Querubim, uma das principais obras litúrgicas do Mestre Valetim. A peça fazia parte da nave central da Igreja dos Clérigos, do Rio de Janeiro, desmontada por Getúlio Vargas para dar lugar a avenida hoje com seu nome. Com as imagens indo a leilão, algumas arrematadas pelo colecionador Stanislau Herstal, de quem o IRB adquiriu. O Anjo Querubim já esteve em várias mostras internacionais sobre o barroco brasileiro.

Também, neste espaço, permanente exposto, o Anjo Ajoelhado, peça desejada por qualquer colecionador. De artista desconhecido, em madeira policromada, tem características típicas das Missões, escola do século XVIII. O Anjo Ajoelhado foi escolhido, tempos atrás, pela direção do Guggenhein para integrar a mostra sobre o barroco brasileiro – Brazil Body And Soul – em Nova Iorque. Essa peça integrou, por anos, a coleção de Pietro Maria Bardi, ex- diretor do Museu de Arte de São Paulo.

Uma bela Cruz de Malta, datada de 1900, também faz parte do acervo do Instituto. Em bronze dourado, a peça traz a inscrição em Latim Vivit Imperat Regnat Jesus Chistus Deus Homo – Viva o Imperador Regente Jesus Cristo Deus. A peça chama a atenção dos visitantes pela beleza e grandiosidade. Mede mais de um metro de altura.

Um retábulo dourado, com mais de três metros de altura, dedicado a Santo Isidoro Labrador, é outra peça que chama a atenção dos visitantes. É usado, inclusive, em solenidades religiosas do espaço. Um toucheiro, estilo Dom João V, do século XVIII, em madeira entalhada revela a arte de Minas Gerais.

O IRB, exibe ainda no seu foyer , uma raridade: Arco e entalhe do Altar Mor da Capela Araçariguama, no interior de São Paulo, datado do século XVII. Antes de serem adquiridas pelo mecenas pernambucano, Ricardo Brennand, as peças, nunca exibidas, pertenceram, por mais de 50 anos, a colecionadora de Zezé de Arruda Botelho. Fragmentos deste Altar Mor podem ser vistos também no Museu de Artes Sacra de São Paulo. Outra peça que chama atenção é a imagem do São Francisco em madeira entalhado, datada do século XVIII.

O Foyer da pinacoteca, também acolhe peças importantes e com história como alguns móveis que pertenceram ao lendário Solar Monjope, de arquitetura colonial brasileira, do período Barroco-Jesuíta que durante anos foi referência do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. O solar, construído no princípio daquele período, por D. José Mariano Filho, usando ruínas de igrejas, pedaços de madeiras entalhada, azulejos esquecidos, já foi mostrado em revistas de ambientação, de decoração e revela uma época de apogeu.

E parte das peças , hoje, no IRB, datadas do século XVII e XVIII são exemplos das fases manuelino (renascença portuguesa) e Dom João V, muito usadas na Europa e no Brasil do Século XVIII. E na entrada da pinacoteca do Instituto está distribuído um lote desses móveis. São cadeiras, cômodas e mesas. Uma cômoda de sacristia encimada por cinco pinturas religiosas é uma das peças que mais chama atenção. Um arcaz de sacristia, de 1750 – estilo D. João V, em jaracandá entalhado e um cadeiral em estilo gótico, em madeira carvalho entalhado, com arremates em pináculos também compõem o conjunto de móveis.

O Instituto Ricardo Brennand também oferece aos seus visitantes, nas paredes do Museu das Armas, tapeçarias interessantes, com temas bíblicos. Uma delas revela a passagem Salomão e a Rainha de Sabá. A tapeçaria de Flande, França é datada do século XVII. Os vitrais da Sala dos Cavaleiros, onde também existe um altar gótico, retratam cenas religiosas, entre elas a vida de Nossa Senhora e esculturas como a de Baco, o Deus do Vinho, enriquecem o acervo do IRB e viram atração para quem gosta de arte sacra.

Os vitrais adquiridos pelo fundador do IRB no Marcado de Pulga, em Paris, são na realidade, de procedência inglesa, datados de 1800. Na reserva técnica da pinacoteca, telas de artistas como Francesco Guardi (1712 – 1793) são registros interessantes para quem se interessa por temas religiosos, sacros. Um dos quadro do artista, um óleo sobre tela, de 41 X 30,4 cm, trata da Igreja de São Cristovão de Murano, em Veneza. Um outro reproduz com fidelidade a bela praça de São Marcos, com a Basílica e o campanário, também em Veneza. Essas telas, juntamente com outras não vistas ainda pelos visitantes das exposições do IRB estarão brevemente em mostra a ser realizada no espaço.


SERVIÇO:
Concerto da Orquestra Sinfônica do Recife em comemoração aos 6 anos do IRB
Onde: Instituto Ricardo Brennand
Engenho São João, s/n, na Várzea (Alameda Antônio Brennand- continuação da Rua Professor Luiz Freire, próximo ao Cefet).
Quando: Dia 14, às 18h.
Entrada franca
Informações: (81) 2121-0352
www.institutoricardobrennand.org.br

Da Assessoria de Imprensa/SL Comunicação & Marketing